Serviços ecossistêmicos
(Responsável: Ana Laura Raymundo Pavan)
Under construction
A primeira menção ao termo "serviços ecossistêmicos" na literatura científica foi feita por Ehrlich e Mooney (1983) e, desde então, o conceito tem sido usado para representar os benefícios para população humana decorrentes, direta ou indiretamente, das funções ecossistêmicas, e que suportam sua sobrevivência e qualidade de vida (Costanza et al., 1997; MEA, 2005; Harrington et al., 2010; van Oudenhoven et al., 2012; De Groot et al., 2012).
Segundo De Groot (1992), funções ecossistêmicas referem-se à capacidade de componentes e processos naturais de fornecer produtos e serviços que satisfaçam as necessidades humanas, direta ou indiretamente. Referem-se, portanto, às constantes interações existentes entre os elementos estruturais de um ecossistema, incluindo transferências de energia, ciclagem de nutrientes, regulação de gás, regulação climática e do ciclo da água.
Acidificação
Escassez hídrica
Eutrofização
Material particulado
Ponderação
Recursos abióticos
Recursos bióticos
Serviços Ecossistêmicos
Segundo De Groot (1992), funções ecossistêmicas referem-se à capacidade de componentes e processos naturais de fornecer produtos e serviços que satisfaçam as necessidades humanas, direta ou indiretamente. Referem-se, portanto, às constantes interações existentes entre os elementos estruturais de um ecossistema, incluindo transferências de energia, ciclagem de nutrientes, regulação de gás, regulação climática e do ciclo da água.
Existem vários tipos de classificação que organizam os serviços ecossistêmicos, como por exemplo: o conjunto definido pela Avaliação Ecossistêmica do Milênio (Millennium Ecosystem Assessment) ou a lista elaborada pelo TEEB. Visando auxiliar a correlação entre esses diferentes sistemas, foi desenvolvida uma Classificação Internacional Comum de Serviços Ecossistêmicos (Common International Classification of Ecosystem Services - CICES), dividindo-os em três temas: provisão; regulação e manutenção; cultural e social.
Os serviços de provisão incluem todos os outputs materiais e energéticos dos ecossistemas. São reconhecidas três classes principais de serviços de provisão: (i) Nutrição, incluindo todos os outputs do ecossistema que são usados direta ou indiretamente como alimentos (incluindo água potável); (ii) Materiais (bióticos e abióticos) usados na manufatura de produtos; Fontes de energia renováveis bióticas e abióticas.
Os serviços de regulação e manutenção incluem todas as formas pelas quais os ecossistemas controlam ou modificam os parâmetros bióticos ou abióticos do ambiente. São produtos do ecossistema que não são consumidos, mas que afetam o desempenho dos indivíduos, comunidades e populações e suas atividades. São reconhecidas quatro classes destes serviços: (i) Regulação e remediação de resíduos, naturais ou de origem antrópica; (ii) Regulação de fluxos, incluindo todos os tipos de fluxos em meios sólidos, líquidos ou gasosos; (iii) Regulação do ambiente físico, incluindo o clima nas escalas global e local; (iv) Regulação do ambiente biótico, incluindo a regulação e manutenção de habitats, regulação de pragas e doenças, etc. Por fim, os serviços culturais e sociais incluem todos os resultados não materiais do ecossistema que têm significado simbólico, cultural ou intelectual. Nesse contexto, são diferenciados duas classes: (i) Simbólico; e (ii) Intelectual e Experiencial.
No âmbito da ACV, o conceito de serviços ecossistêmicos vem sendo discutido em estudos como de Zhang et al. (2010a,b) e Rugani et al. (2019) e é estruturado de acordo com a cadeia de causa e efeito para impactos do uso da terra. Assim, por enquanto a avaliação é focada nos seguintes impactos resultantes do uso da terra: (i) impacto no potencial do ecossistema em produzir biomassa (Potencial de Produção Biótica), (ii) impacto no clima devido ao sequestro de carbono (Potencial de Regulação Climática), (iii) impactos na quantidade e qualidade da água (Potencial de Regulação da água doce e Potencial de Purificação da água), (iv) impactos na quantidade e qualidade do solo (Potencial de regulação da Erosão).
Salienta-se que alguns serviços ainda não estão contemplados, por exemplo serviços de regulação e manutenção relacionados à regulação de doenças, proteção contra inundações e serviços culturais, sendo um campo de estudo aberto a novas pesquisas na comunidade científica de ACV.
Referências
CostanzaA, R.; D’Arge, R.; De Groot, R.S.; Farber, S.; Grasso, M.; Hannon, B.; Limburg, K.; Naeem, S.; O’Neill, R.V.; Paruelo, J.; Raskin, R.G.; Sutton, P.; van den Belt, M. The value of the world’s ecosystem services and natural capital. Nature, v. 387, p.253-260, 1997.
De Groot, R.S. Functions of Nature: Evaluation of Nature in Environmental Planning, Management and Decision Making. Wolters-Noordhoff, Groningen, 1992.
De Groot, R.; Brander,S. Ploeg, van der; Costanza, R.; Bernard, F.; Braat, L.; Christie, M. et al. Global estimates of the value of ecosystems and their services in monetary units. Ecosystem Services, v.1, p. 50-61, 2012.
Ehrlich, P.R.; Mooney, H. Extinction, substitution, and ecosystem services. Bioscience, v.33, p. 248-54, 1983.
Koellner T, de Baan L, Beck T, Brandao M, Civit B, Margni M, Milà i Canals L, Saad R, Souza DM, Mueller-Wenk R. UNEP-SETAC guideline on global land use impact assessment on biodiversity and ecosystem services in LCA. International Journal of Life Cycle Assessment, v. 18, n. 6, p. 1188-1202, 2013.
Koellner, T.; Geyer, R. Global land use impact assessment on biodiversity and ecosystem services in LCA. International Journal of Life Cycle Assessment, v. 18, n. 6, p. 1185-1187, 2013.
MEA. Millennium ecosystem assessment. Ecosystems and human well-being: current state and trends. Island Press, Washington, 2005.
van Oudenhoven, A.P.E.; Petz, K.; Alkemade R.; Hein, L.; De Groot, R.S. Framework for systematic indicator selection to assess effects of land management on ecosystem services. Ecological Indicators, v.21, p.110-22, 2012.
Zhang, Y.; Baral, A.; Bakshi, B. Accounting for ecosystem services in life cycle assessment, Part II: toward an ecologically based LCA. Environ Sci Technol, v.44, p. 2624–2631, 2010a.
Zhang, Y.; Singh, S.; Bakshi, B. Accounting for ecosystem services in life cycle assessment, Part I: a critical review. Environmental Science Technology, v. 44, p. 2232–2242, 2010b.
Literatura recomendada
Pavan ALR, Ometto AR (2016). Regionalization of land use impact models for life cycle assessment: Recommendations for their use on the global scale and their applicability to Brazil. Environmental Impact Assessment Review, 60, 148-155. LINK
Pavan ALR, Almeida Neto JA, Figueiredo MCB, Alvarenga RAF, Ometto AR, Kabe YH (2016). Avaliação de impactos do uso da terra em serviços ecossistêmicos. In: V Congresso Brasileiro de Gestão do Ciclo de Vida, Fortaleza, 6p. LINK
Ugaya CML, Alvarenga R, Pavan ALR, Ometto AR, Lima EG, Oliveira JM, Almeida Neto JA, Pegoraro LA, Barrantes LS, Mendes NC, Tadano Y, Figueiredo MC (2016) Rede de Pesquisa em Avaliação de Impacto do Cicl o de Vida: critérios para recomendação de métodos e modelos de caracterização para o Brasil. In: V Congresso Brasileiro de Gestão do Ciclo de Vida, Fortaleza, CE. LINK
Pavan ALR, Ometto AR (2018). Ecosystem Services in Life Cycle Assessment: A novel conceptual framework for soil. Science of The Total Environment. Volume 643, 1337-1347. LINK