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Escassez hídrica

(Responsável: Maria Clea B. Figueiredo)

A escassez hídrica pode ser definida como o desequilíbrio entre a disponibilidade de água e a sua demanda, aspectos que variam de acordo com as condições da região estudada (FAO, 2012; ISO, 2014). 

Esse desequilíbrio entre demanda e disponibilidade pode considerar apenas o aspecto quantitativo do volume de água (escassez física), como definido na norma ISO 14046 (ISO, 2014), ou abranger aspectos de qualidade da água (uso degradativo) e acesso da população à água, como definido pela FAO (2012).

De acordo com a FAO (2012), a escassez hídrica deve considerar duas dimensões principais:

• Escassez de disponibilidade, ou seja, a falta de água com qualidade aceitável para atender à demanda existente, incluindo fluxos naturais;

• Escassez econômica devido à falta de infraestrutura adequada, independente dos recursos hídricos disponíveis, causada por problemas financeiros, técnicos ou por falhas nas instituições responsáveis por garantir água confiável, segura e de forma equitativa a todos os usuários.

Independente da consideração de aspectos quantitativos e qualitativos, observa-se que a escassez hídrica tem um enfoque relativo, pois um determinado volume de água disponível pode ser suficiente, ou não, dependendo de quanto é utilizado na região considerada. Assim, diferenças tanto de demanda (quantidade e qualidade da água demandada pelos diferentes usuários) como de disponibilidade podem resultar no aumento do nível de escassez hídrica em uma região.

 

De acordo com o relatório do World Water Assessment Programme (WWAP, 2015), a demanda hídrica deverá crescer em todos os setores de produção nos próximos anos. Já o relatório desenvolvido pelo 2030 Water Resources Group (2030 WRG, 2009) mostra projeções das mudanças na demanda (agrícola, industrial e doméstica) e na disponibilidade hídrica global entre 2009 e 2030. Mesmo considerando um cenário com poucas mudanças futuras, chamado de “business-as-usual”, prevê-se um déficit hídrico global de 40% em 2030 (2030 WRG, 2009).

 

Essa crescente escassez hídrica tem dois fatores principais: o aumento do consumo humano de água, afetando a demanda, e as mudanças climáticas sazonais e interanuais, afetando a disponibilidade.

 

O primeiro está relacionado principalmente ao aumento populacional e ao desenvolvimento econômico, com estímulo à instalação de novas indústrias e produção agrícola irrigada (WWAP, 2015).

 

No segundo fator, mudanças climáticas causam vários efeitos extremos no planeta, entre eles, variações na sazonalidade e no volume de chuvas de forma variada em diferentes regiões. As variações de demanda e disponibilidade no tempo e no espaço resultam em variações no nível de escassez hídrica das diferentes regiões do mundo (WWAP, 2015).

 

2030 WATER RESEARCH GROUP (2030 WRG). Charting Our Water Future: Economic frameworks to inform decision-making. Water Research Group, 2009.

FAO. Coping with water scarcity: an action framework for agriculture and food security. Rome: FAO, 2012. Disponível em: . Acesso em: 20 fev. 2015.

ISO. International Organization for Standardization. ISO 14046 - Environmental Management – Water Footprint – Principles, Requirements and Guidelines. Geneva, Switzerland, 2014.

WORLD WATER ASSESSMENT PROGRAMME (WWAP). The United Nations World Water Development Report 2015: Water for a Sustainable World. Paris, UNESCO, 2015.

Literatura recomendada

Almeida Castro AL, Andrade EP, Figueiredo MCB, Ugaya CML (2016).Recomendação de modelos de caracterização mais apropriados ao contextobrasileiro para avaliação de impacto na escassez hídrica. n: V Congresso Brasileiro de Gestão do Ciclo de Vida, Fortaleza. LINK

Andrade EP, Figueiredo MCB, Alves KF, Ugaya CML (2016). Determinação de Fatores de Caracterização para avaliação de impactos na Escassez Hídrica em Sub-bacias cearenses. In: V Congresso Brasileiro de Gestão do Ciclo de Vida, Fortaleza. LINK

Ugaya CML, Alvarenga R, Pavan ALR, Ometto AR, Lima EG, Oliveira JM, Almeida Neto JA, Pegoraro LA, Barrantes LS, Mendes NC, Tadano Y, Figueiredo MC (2016) Rede de Pesquisa em Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida: critérios para recomendação de métodos e modelos de caracterização para o Brasil. In: V Congresso Brasileiro de Gestão do Ciclo de Vida, Fortaleza, CE. LINK

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