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Análise de Inventário do Ciclo de Vida

A Análise de Inventário do Ciclo de Vida envolve fundamentalmente os procedimentos de coleta de dados e de cálculo. As informações adquiridas, referentes aos fluxos de entrada e saída, devem estar relacionadas à unidade funcional estabelecida na fase anterior. De acordo com Mueller et al (2004), é a parte mais trabalhosa na execução da ACV e dela depende a confiabilidade dos resultados obtidos nas outras etapas.

Dentre os componentes do Inventário do Ciclo de Vida, ICV, destacam-se o sistema de produto, os processos elementares e as categorias de dados.

O sistema de produto refere-se a uma ou mais funções definidas e compreende o conjunto de processos elementares – constituídos de fluxos elementares de entrada de matérias-primas e energia, fluxos elementares de saída de resíduos e emissões e fluxos de produto (Figura 3). Os fluxos elementares são aqueles que ocorrem entre o ambiente externo e o sistema de produto em estudo; os fluxos de produto ocorrem entre dois sistemas de produto; enquanto os fluxos de produto intermediário e/ou resíduos são aqueles estabelecidos entre os processos elementares (ISO, 2006b). A divisão em diversos processos elementares facilita a fase de coleta de dados de entradas e saídas e produtos.

Segundo Chehebe (1997), a construção de fluxogramas pode auxiliar no processo de identificação dos processos e intervenções ambientais mais relevantes. Para tanto, o autor destaca algumas recomendações, como sua construção a partir do processo de manufatura dos produtos principais e, em caso de necessidade, a posterior subdivisão de processos.

 

 

A Figura 3 apresenta o esquema de três sistemas de produto e os fluxos elementares e de produto relacionados a cada um dos processos elementares. Os blocos maiores – em cor escura – representam os sistemas de produto; os menores – em cor clara – os processos elementares; e as setas indicam os fluxos de produto intermediários e/ou resíduos entre dois processos elementares, os fluxos de produto entre dois sistemas e, finalmente, os fluxos elementares (entrada e/ou saída) entre os processos elementares e o meio ambiente, ou vice versa (ISO, 2006a).

A ICV possui diversos procedimentos que são contemplados pela ISO 14044 (ISO, 2006b). Dentre eles, destacam-se a coleta de dados, a alocação e a validação dos dados:

Figura 3. Esquema de três sistemas de produto (S.P. 1, 2 e 3) e dos fluxos relacionados a processos elementares.

Preparação para coleta dos dados. Esta etapa compreende a utilização de fluxogramas simplificados, os quais auxiliam na identificação dos processos e fluxos elementares, a descrição de cada processo elementar e a descrição das técnicas de coleta de dados e cálculo para cada uma das categorias dos dados (ISO, 2006b).

Coleta de dados. Os dados a serem coletados podem provir de diversas fontes, dentre elas, a literatura científica publicada ou coleta direta. Durante o processo de coleta de dados, deve-se evitar a contagem dupla, ou seja, no caso de fluxos elementares múltiplos, é recomendado que sejam aplicados procedimentos de alocação, os quais devem ser devidamente documentados.

Validação dos dados. A validação dos dados, por meio, por exemplo, do estabelecimento de comparações com outros balanços de massa e energia, permite averiguar se o dado é representativo e relevante para a localidade, o uso e a temporalidade intencionados.

Procedimentos de cálculo. Para o cálculo dos fluxos elementares de entrada e saída, ou seja, dos resultados do inventário, torna-se necessário primeiramente determinar o fluxo de referência relacionado à unidade funcional definida.

Os fluxos de todos os processos elementares no sistema devem ser normalizados para um dos produtos (ISO, 2006b). Os fluxos existentes entre os diversos processos elementares devem ser calculados, utilizando-se a unidade funcional como referência.

É importante destacar que as fronteiras iniciais do sistema de produto devem estar de acordo com os objetivos e o escopo do estudo. Dados que não apresentem relativa significância nos resultados poderão ser excluídos da análise; ao contrário, sendo necessários, deverão ser incluídos.

Procedimentos de alocação. A alocação consiste na atribuição da responsabilidade dos impactos ambientais gerados por processos que contribuem para diferentes sistemas de produto, ou seja, processos multi-funcionais (FRISCHKNECHT, 2000) De acordo com Baumann e Tillman (2004), os problemas de alocação surgem quando o impacto ambiental resultante de processos envolvendo diversos produtos é expresso em relação a uma única função.

(*) Texto elaborado por Danielle Maia de Souza.

Referências

BAUMANN, H.; TILLMAN, A.M. The Hitch Hiker’s Guide to LCA: an orientation in life cycle assessment methodology and application. Lund: Studentlitteratur, 2004. 543p.

CHEHEBE, J.B. Análise do Ciclo de Vida de Produtos: ferramenta gerencial da ISO 14000. Rio de Janeiro. Ed. Qualitymark, 1997. 120p.

FRISCHKNECHT, R. Allocation in Life Cycle Inventory Analysis for Joint Production.International Journal of Life Cycle Assessment, v.5, n.2, p.85-95, 2000.

ISO. International Organization for Standardization. ISO 14040. Environmental Management – Life Cycle Assessment – Principles and Framework. Geneva: ISO, 2006a. 20p.

  ______. ISO 14044. Environmental Management – Life Cycle Assessment – Requirements and Guidelines. Geneva: ISO 2006b. 46p.

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